segunda-feira, março 09, 2015

Oh África Oh África...Badajoz à vista...

9 de Março de 2014. Chorei como um menino e quem lá estava assistiu...não  tenho vergonha de dizer. Embarcava para um dos maiores desafios da minha vida, a todos os níveis. Deixava a minha cidade, o meu país, a minha família, os meus amigos e a Rita. Deixava tudo o que me fazia bem e que me deixava feliz para embarcar numa aventura rumo ao desconhecido...um desconhecido bem longe. Moçambique fica quase no Polo Sul, mas parece mais longe. A adaptação ao pais e à cultura não se revelou um problema muito grande. Maputo é uma cidade com ténues traços de capital europeia nos anos 70 e 80, onde os problemas são reais e facilmente identificáveis, mas ao mesmo tempo consegue oferecer um conforto mínimo que torna as vivências um pouco mais agradáveis ( isto quer dizer que a cerveja é boa!). É um pais riquíssimo em recursos naturais mas também um país onde se nota um grande entrave ao desenvolvimento intelectual das classe mais baixas. Um país com feridas bem abertas das guerras travadas, onde 90 % das pessoas vive do imediato, onde só é preciso dinheiro para comida, cerveja e para o chapa. Um caos organizado nas ruas onde se compra e vende tudo. Aprende-se a contornar a insegurança mas não se aprende a contornar a corrupção. A policia está em todo o lado. Podes fugir mas não te podes esconder. Este é o Quotidiano, segundo Chico Buarque. Os dias passam devagar e rápido ao mesmo tempo. É confuso. 
Esta é a parte que se leva. A outra é pior.
Quem emigra nunca o faz de animo leve, independentemente das razões que o movem. Há coisas que o dinheiro não paga. Se por um lado o projecto onde estou envolvido é interessante e se o salário é diferente de Portugal, a distancia é ingrata. Leva a horas e horas de reflexão, de solidão e de questões que estão presentes todos os dias. Será que vale a pena? Este tempo não se recupera. Os momentos simples que passava e não atribuía tanta importância revelam-se importantes e fazem-me sentir saudades. Este já é o meu lado lamechas. Saudades de todos. Dos amigos de sempre, das conversas de sempre e dos sítios de sempre. Alguém me ensinou que isso é qualidade de vida, nunca mais me vou esquecer. Saudades dos meus pais e do meu irmão...e do gato...! E saudades de ti. Sim...tenho que falar para ti porque és tu que me aturas todos os dias. Os bons e os maus. És tu que tens feito os meus dias melhores...e isso tenho que te agradecer do fundo do coração. Não é fácil, eu sei...mas prometo que vai valer a pena***
1 ano longe de todos vocês e como disse quando cheguei...trago-vos a todos comigo e vou continuar convosco!

Estamos juntos***

bruno


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